15 de ago. de 2011

por Juliana Thuinny e Sophia Brandão

Tenho tentado me convencer de que esse nó que há em minha garganta é coisa passageira, é frescura de menina boba. Porque eu não devo me odiar por não ter me deixado perder em teus braços. Também não devo te culpar por me ocultar tanta verdade, mas não te desculpo por me provar que os outros estavam tão certos. Porque poderíamos ter sido tanta coisa, e hoje somos tão estranhos. É tudo tão singular. Nossos olhares já não estão conectados, buscamos o significado de um vazio que deveria ser inexistente. Você ainda é capaz de transformar minhas palavras em sinfonia, mas há tempos que já não há tanta harmonia. Meu amor, eu escolhi que arrancaria um pouquinho de mim e seria um pouquinho mais de ti. Esse pouco que é ciente dos riscos, mas que não recua quando se vê em frente ao abismo. O que aconteceu, hein? As coisas estão desandando tanto sem ti, meu coração é um buraco sem perspectiva alguma de que seja fechado. Aliás, meu coração não é o único que não consegue fechar-se, há tempos que a porta emperrou e já não dá mais para trancar. Por onde você anda que ainda não veio me ver? Parecia que dessa vez ia dar certo, mas o parecer não é mesmo exato. Já não fecho as cortinas. Apertei o nó das cordas, sentei no meio do palco vazio – feito um artista no final de seu espetáculo – com meu vestido mais bonito, aquele azul. Eu ainda te espero. Espero como uma criança que vê sua mãe partir para mais um dia de trabalho, espero como a rosa espera que o Sol seque sua última lágrima disposta em orvalho. Você poderia estar aqui, amoado, restrito, comigo. Poderia, se não tivesse me convencido de que amor mesmo, só os fortes e ricos de espírito conseguem ter.

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